Vituperei minhas 20
primeiras tentativas de produzir algo bloguístico, mas hoje escarafunchei a
rascunhada toda e vi algo que me pareceu digno de um espacinho aqui. Foi
escrito há meio ano, na Suíça, lugar em que, além de cultura e beleza
em excesso, encontrei muitas coisas notáveis. Dentre elas, com certeza, o
encontro com Ele foi o mais bizarro. Segue um pedacinho de como nos trombamos:
““Acordar com a macaca”
é indicio de muitas coisas, menos de um bom começo, certo? Talvez... hoje acordei
com a macaca na minha segunda semana em Zurique. Então decidi fazer uma
caminhada pelos parques que contornam o lago da cidade e condenei a macaca a
uma morte lenta e dolorosa. A alegria foi me contagiando de uma forma meio
tragicômica. Comecei embalada pela manhã de sol em dia de inverno. Fui ficando
menos triste vendo os pássaros que, em revoada, desciam ao lago para provocar
patos e cisnes – também eles acordaram com a primata ao lado. Senti que minha
porção doida (a mais sincera) estava sendo atiçada quando comecei a sorrir pelas
ruas. Abracei uma árvore como se não houvesse amanhã e entendi que era grave o meu
estado de insanidade; mas já não ligava mais. Que bom, porque, pouco depois, fiquei
louca varrida e cometi um ato inédito em toda a minha vida: fui a uma igreja r-e-z-a-r.
Nunca gostei de ficar
em igrejas; a austeridade me passava uma coisa ruim. Pra ser franca, não sou o
que se pode chamar de uma pessoa religiosa. Mas aconteceu. Senti uma vontade
absurda de voltar a uma catedral muito bonita que, com espírito turístico,
havia conhecido antes.
Rezei do meu jeito:
ouvindo rock! Sentada na Fraumünster, passei 20 minutos admirando os vitrais de
Marc Chagall e concluí que Deus pra mim é ARTE! Meu mp4 estava baixíssimo, mas
ali no silêncio daquela salinha foi quando ouvi mais alto Octavarium, uma das minhas músicas preferidas.”
Eu sei que não dá pra
ligar coisa com coisa até agora, mas calma! Espero que não esteja com a macaca,
porque já é logo aqui que entra o início do blog! Voltando...
“É inacreditável, mas
foi numa igreja que decidi vir pra casa e escrever o meu bloguinho, um capricho
que julgo ser culpa da minha adolescência tardia. Blog, aqui estou: hoje você
nasce! Não posso contrariar vontades que vêm ao som de Dream Theater, ideias
que nascem inspiradas por Chagall e que – por que não?! – têm um dedinho Dele.
Foi incrível, God rocks!”
Bem, naquele dia
aprendi que “acordar com a macaca" pode ser lucrativo, voltei pra casa inspirada,
criei o Caso Crônico e escrevi umas linhas que pediam por complemento e, logo,
foram abandonadas. Meio ano depois, estou aqui tentando dar um sentido a tudo
aquilo e entendendo, na prática, como “falar é fácil, fazer é que são elas” (ou
seja lá como for esse ditado popular!). Estou vendo, também, que revisitar o
passado é um interessante emaranhado de sensações. Termino agora longe do
parque, com saudade do sol em dia frio. Penso na Fraumünster e coloco a Octavarium pra tocar. Fecho os olhos e revejo os vitrais de Chagall.