quinta-feira, 30 de agosto de 2012

God Rocks!


Vituperei minhas 20 primeiras tentativas de produzir algo bloguístico, mas hoje escarafunchei a rascunhada toda e vi algo que me pareceu digno de um espacinho aqui. Foi escrito há meio ano, na Suíça, lugar em que, além de cultura e beleza em excesso, encontrei muitas coisas notáveis. Dentre elas, com certeza, o encontro com Ele foi o mais bizarro. Segue um pedacinho de como nos trombamos:

““Acordar com a macaca” é indicio de muitas coisas, menos de um bom começo, certo? Talvez... hoje acordei com a macaca na minha segunda semana em Zurique. Então decidi fazer uma caminhada pelos parques que contornam o lago da cidade e condenei a macaca a uma morte lenta e dolorosa. A alegria foi me contagiando de uma forma meio tragicômica. Comecei embalada pela manhã de sol em dia de inverno. Fui ficando menos triste vendo os pássaros que, em revoada, desciam ao lago para provocar patos e cisnes – também eles acordaram com a primata ao lado. Senti que minha porção doida (a mais sincera) estava sendo atiçada quando comecei a sorrir pelas ruas. Abracei uma árvore como se não houvesse amanhã e entendi que era grave o meu estado de insanidade; mas já não ligava mais. Que bom, porque, pouco depois, fiquei louca varrida e cometi um ato inédito em toda a minha vida: fui a uma igreja r-e-z-a-r.

Nunca gostei de ficar em igrejas; a austeridade me passava uma coisa ruim. Pra ser franca, não sou o que se pode chamar de uma pessoa religiosa. Mas aconteceu. Senti uma vontade absurda de voltar a uma catedral muito bonita que, com espírito turístico, havia conhecido antes.

Rezei do meu jeito: ouvindo rock! Sentada na Fraumünster, passei 20 minutos admirando os vitrais de Marc Chagall e concluí que Deus pra mim é ARTE! Meu mp4 estava baixíssimo, mas ali no silêncio daquela salinha foi quando ouvi mais alto Octavarium, uma das minhas músicas preferidas.”

Eu sei que não dá pra ligar coisa com coisa até agora, mas calma! Espero que não esteja com a macaca, porque já é logo aqui que entra o início do blog! Voltando...

“É inacreditável, mas foi numa igreja que decidi vir pra casa e escrever o meu bloguinho, um capricho que julgo ser culpa da minha adolescência tardia. Blog, aqui estou: hoje você nasce! Não posso contrariar vontades que vêm ao som de Dream Theater, ideias que nascem inspiradas por Chagall e que – por que não?! – têm um dedinho Dele. Foi incrível, God rocks!”

Bem, naquele dia aprendi que “acordar com a macaca" pode ser lucrativo, voltei pra casa inspirada, criei o Caso Crônico e escrevi umas linhas que pediam por complemento e, logo, foram abandonadas. Meio ano depois, estou aqui tentando dar um sentido a tudo aquilo e entendendo, na prática, como “falar é fácil, fazer é que são elas” (ou seja lá como for esse ditado popular!). Estou vendo, também, que revisitar o passado é um interessante emaranhado de sensações. Termino agora longe do parque, com saudade do sol em dia frio. Penso na Fraumünster e coloco a Octavarium pra tocar.  Fecho os olhos e revejo os vitrais de Chagall. 

domingo, 19 de agosto de 2012

A Crônica da Crônica (e não "A Crônica das Crônicas")


Cansei de esperar!

Não vou mais aguardar a ideia brilhante (que não vem), o tempo ideal (que nunca chega), menos ainda a tal da inspiração (que, até o momento, é lenda pra mim). Se Cartier-Bresson tivesse sido um cronista sem talento, não defenderia o momento decisivo!

Não me julgue como precipitada ou impaciente. Eu tentei! Já rascunhei umas vinte crônicas pra ocupar o lugar desta. Até simpatizei com algumas, mas nenhuma tem cara de “a primeira”. Nada do que escrevi pareceu adequado para abrir este blog, que existe vazio há mais de 5 meses. Esperei passivamente na minha zona de conforto que a sacada viesse. Não veio. Sinto muito. Peço desculpa aos que leem com alguma expectativa, brilho de cronista vocês não verão nestas linhas.

Hoje acordei com ressaca do churrasco de ontem, não vi nada de exótico e não tenho uma estória que mereça registro. Estou entediada, tendo um típico dia do domingo. Não sei por que cargas d’água resolvi sair da tal zona de conforto, viu! Devo confessar que já estou arrependida, mas agora vou até o final. E “vocês vão ter que me engolir”! (Referência popular escolhida a dedo com o propósito descarado de apelar). Pensei, a princípio, em parodiar Bandeira e escrever sobre como quereria que fosse minha primeira crônica, mas não sustentei a causa. Agora só me resta falar sobre sexo para salvar isto aqui.

Há uma pesquisa respeitadíssima que diz que 70% de toda a comunicação verbal humana está fundada no sexo. Sabia?

Não espalhe, inventei isso. Sinto muito novamente, o caso é que não sei como fazer a primeira crônica. Devo estar sendo castigada pelo desejo estapafúrdio de querer compartilhar com pobres (leitores) coitados parte da minha confusão mental constante. Acho que, pelo menos, consegui dar sentido – juro que de forma totalmente não-planejada! – ao título deste blog.

A você que aguentou ler até o final: eis o meu caso crônico!