segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um feliz 2013 a quem sobreviver aos fogos de artifício!


[FOGOS] Quem inventou moda de comemorar a virada do ano, hein? Pela barba do profeta, que mau gosto! Eu adoraria que, em algum momento inesperado do pós-Natal, quando todos nós estivéssemos bem distraídos, houvesse um coma universal e nós só acordássemos já no ano novo.

Nesta data se destacam dois tipos de pessoas: as místicas, que criam mil rituais de passagem, e as céticas, que mandam as simpatias pra pequepê e vão curtir a data como bem manda a vontade. Sou de um terceiro tipo, participo de um grupo solitário: o obsessivo-meio-místico-extremamente-melancólico. Odeio fins, detesto despedidas e não consigo me sentir confortável no réveillon. [FOGOS] Uma angústia doida (já velha inimiga) vem me visitar a cada dezembro que começa. Traz como acompanhantes os transtornos obsessivos. Quando não dou conta do ritual maluco que minha mente cria, vem também a culpa... “Puxa, não li cinco dos livros que tinha programado para 2012”... “O ano tá acabando e o meu quarto pós-reforma continua uma zona. Como posso começar um ano novo com o pé direito se não dá nem pra achar um sapato neste pardieiro?”... “Não levei ao orfanato as roupas que separei para doar”... “Não há a menor possibilidade de virar a meia-noite sem postar a segunda crônica de dezembro. Tô sem criatividade, mas que se dane! Vamos lá, mente, dá “seus pulo” aí, se o ano acabar sem eu ter cumprido esta meta, o próximo será uma catástrofe crônica!

Sigo obedecendo minha cabeça tirana para ter algum sossego mental. [FOGOS] É o jeito, com isso já me conformei. Tento de todas as formas ver o copo meio cheio e pensar em tudo de lindo que o ano novo pode ter, mas não consigo gostar de passar todo santo dia 31 tendo que ouvir essa foguetaiada compulsiva dos infernos. Mas que coisa! Pra que isso, fogueteiros, que mensagem vocês têm a passar? Pros meus ouvidos melancólicos, cada sessão “FOGOS” martela em mim a angústia do porvir.

Este ano foi tão imprevisível, mas tão imprevisível, tão imprevisível, que chego ao último dia cansada e, paradoxalmente, morrendo de dó de encerrá-lo. Acho que 2012 marcou o fim da minha adolescência tardia, o fim da liberdade e da angústia de não ter nem ideia de como estará tudo no fim de mais um ano. Duvida? Comecei 2012 na Avenida Paulista, sem saber em que país, com que estado civil e em que ramo profissional eu passaria a próxima virada. Devo confessar que ainda não sei como acabarei 2013, mas tracei algumas metas para fincar meus pés flutuantes no chão. [FOGOS] Apesar das críticas características, fica aqui uma confissão: em partes, amei a imprevisibilidade de 2012!

[FOGOS] [FOGOS] [FOGOS] Vou parar por aqui porque mal posso me concentrar com essa pipocação aérea barulhenta de fim de ano. Que 2013 seja pra você um ano de sonhos e conquistas e que haja a pitada certa de imprevisibilidade para que você se lembre de que essa vida é louca, graças a Deus!

domingo, 9 de dezembro de 2012

O Presente


Hoje eu acertei num presente.

Sempre que viajo trago bobeirinhas pras pessoas queridas. Na falta de grana, já trouxe até pedrinhas e flores alpinas; vale qualquer coisa que traduza o fato de eu ter pensado em gente que amo. Quando fui a Veneza, minha tia-avó (a querida remanescente da antiga geração-avós que tanto me ensinou e que tanto me faz falta) se deslumbrou, disse que conhecer a cidade alagada era o seu maior sonho turístico. Aquilo mexeu comigo de alguma forma... Entendi que se a tia que detesta sair da toca se empolgou, aquilo era mais significativo do que aparentava. Pensando em homenageá-la, recorri a uma conhecida estratégia de pseudopresença: imprimi uma foto do rosto dela, colei num palitinho de picolé e levei-a comigo (pra cima e pra baixo) pelas vielas e becos de lá.

Fazendo jus ao meu caráter obsessivo, achei que deveria também homenagear outros parentes que demonstraram entusiasmo com a viagem. Fiz então o mesmo com mais quatro fotografias (que também andaram comigo pra cima e pra baixo) e chateei o coitado do meu ex-namorado, que, com a maior boa vontade, me clicou segurando as carinhas familiares na rua-que-tinha-a-ponte-mais-bonita [5 cliques] e que, também com boa vontade, fez outra sessão fotográfica na rua-mais-fofa-das-fofas [+ 5 cliques]. Mas, mega-ultra-obsessiva que sou, só me dei por satisfeita quando, no meio do passeio de gôndola (símbolo máximo do turismo veneziano), pedi para o pobre fazer a derradeira rodada, conferi foto por foto no visor da câmera e exigi repeteco pra duas que não estavam 100% [+ 7 cliques]. Um terço do passeio de gôndola se fora nisso, mas fiquei satisfeita por ter conseguido boas imagens.

Quase um ano depois, quando finalmente pude revelar as 700 fotografias que, com muito custo, selecionei como as principais do meu meio ano europeu, fiz a distribuição dos presentinhos. Todos os homenageados gostaram do passeio imaginário pelo Grande Canal, e eu senti que a missão estava cumprida. Hoje, no entanto, entreguei o último e a comoção que causei na tia-avó foi tão intensa que não tenho dúvidas de que a missão cumprida me rendeu a memória a que sempre recorrerei quando, no futuro, eu me lembrar dela.

Isso foi há umas cinco horas, mas ainda estou emocionalmente tocada - feliz e melancólica. Grata pela ideia clichê (mas boa) que roubei de algum comercial antigo. Infinitamente grata pela paciência do ex. Com saudade das ruazinhas sinuosas de Veneza e com saudade deste momento que já começa a ser também saudade.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Crime Alimentar


Estou sentada ao lado dos destroços da minha refeição, lembrando-me de uma noite já distante em que fui rebaixada como humana por uma amiga muito querida. Comíamos um misto-quente daqueles bem queijudos quando, com um fiapão de muçarela grudado no queixo, reclamei:

– Nossa, olha a meleca que eu faço comendo isso!
– Eu também faço – respondeu ela –, por isso é que não como este tipo de coisa na frente de gente!

Emocionada, agradeci o elogio; ela, ao tentar se desculpar, engatou um ataque de riso gostoso e contagiante. Apesar de ter ido para a segunda divisão dos seres humanos naquele dia, o conselho que havia nas entrelinhas era sábio: convém evitar comidas duvidosas quando se está acompanhada de gente pouco íntima. Acredito que essa amiga já nem se lembra disso, mas, nos quinze anos que separam hoje do ocorrido, eu venho resgatando tal memória em todas as santas vezes que saio para jantar com um cara pela primeira vez.

Conheço a etiqueta e sei me comportar à mesa, mas não aprendi ainda o milagre da contenção de alimentos. Por que o recheio de um sanduíche nunca fica apenas entre os pães?! Pelo menos os meus recheios sempre tentam virar cobertura. E o maldito fio de macarrão, Dio mio? Juro que nem o mais fiel enrolamento à italiana faz com que a pontinha do emaranhado no garfo não fique, no mínimo, cinco centímetros dependurada, lambuzando o queijo desta pobre comensal que só quer causar boa impressão. E os guardanapos então?! Tenho uma teoria: o poder absorvente de um guardanapo de lanchonete é proporcionalmente inverso ao teor de engorduramento do prato servido. Agora há pouco, olhei timidamente as pessoas que estão sentadas nas mesas ao lado... Todas limpinhas! Por que cargas d’água minha bandeja virou uma mixórdia de guardanapos imundos e amarrotados enquanto elas conseguiram comer o mesmo que eu sem se sujar?

Depois de uns anos e muitas situações constrangedoras, aperfeiçoei algumas táticas de sobrevivência neste ambiente hostil, o restaurante. Dividi-las-ei com você. Jantar num primeiro encontro? Evite hamburguerias; alimentos escorregadios exigem certo milagre para serem comidos com saldo positivo. Fuja de casas italianas; este tipo de comida é traiçoeira: boa, mas repleta de molhos com alto grau de periculosidade manchativa. Nem pense em fazer tipo de saudável comendo salada; as malditas folhas verdes sempre trocam o caminho do esôfago pelos cantos recônditos dos dentes. E nunca saia de casa sem um kit de primeiros socorros que contenha fio dental & Cia. Ltda. (para limpezas óbvias), talco ou sei lá o quê (para tirar manchas de última hora) e álcool em gel (porque está na moda e deve servir pra alguma coisa além de ajudar a combater a Gripe Suína, já não tão em moda assim).

Parei de escrever para dar minha última mordida. Resultado: lambuzei a boca e a mão direita, usei três guardanapos para limpar tudo e notei olhares recriminadores pro meu lado. Vou encerrar isto aqui e sair o mais discretamente que puder.

Ótimo! Quando me levantei, um pedacinho do lanche que tinha caído na minha perna rolou para o chão. Nervosa, tropecei na cadeira. Todos me olharam e viram farelinhos de pão caindo da blusa branca, que está acrescida de várias pintinhas de molho de tomate. Sem mais.

domingo, 11 de novembro de 2012

A Senha


Sabe aquelas pessoas que, aonde vão, esquecem alguma coisa? Eu esqueço senhas. Esqueci a do meu cartão do banco há mais de mês. Esqueci também a da conta poupança – pela terceira vez! Como ambas são do mesmo banco, criei coragem e fui até lá assassinar dois leporídeos com uma bordãozada só. Ganhei novos números pra poupança; pra conta corrente não - a agência é outra. Tudo bem que não moro mais naquela cidade e que levarei um tempinho para visitá-la de novo... Tudo bem que, até lá, eu não terei noção do que acontece com o meu saldo... Tudo bem... Controlar dinheiro é para os fracos!

Simplesmente não me lembro de jeito nenhum daqueles malditos seis dígitos. Pra ser honesta, acho que sei dois deles, mas não tenho nem a mais porca ideia se são os primeiros, os do meio ou os do fim. Vou viajar amanhã e não poderei fazer saques nem pagar em débito... Tudo bem! Tudo bem, tudo bem, tudo bem, essas coisas simplesmente acontecem (comigo). Em alguns momentos chego até a achar graça da memória pouco privilegiada que me prega peças.

Agora, o que não tem a menor graça é este outro esquecimento irritante: a senha de um e-mail. Mais do que isso: a senha do e-mail que dá acesso a um site de relacionamentos praticamente extinto. Há mais de ano, esta infeliz se apagou irremediavelmente da minha cachola. Para evitar aborrecimentos, venho ignorando o fato desde então, mas hoje me incomodei e entrei de uma vez por todas no site, disposta a resgatar meu e-mail a qualquer custo.

1ª tentativa: “você não consegue acessar sua conta?”, pergunta-me o site, cooperativo. Sim, é exatamente isso. Clico na opção “não me lembro da senha”. O burro me pede para reescrever o nome do usuário; pelo visto, não sou a única desmemoriada aqui. Vá lá, também preciso cooperar. Escrevo. Solícito, ele me mostra os últimos dois números do (meu) celular que está cadastrado à conta e diz que, em poucos minutos, enviará para lá um novo código. Droga, há muito tempo já não tenho esse chip!

2ª tentativa: clico em “não consigo acessar nenhuma das opções de recuperação” e ele me encaminha a um teste de identidade. Maravilha, não tenho a menor dúvida de que eu sou eu, logicamente acertarei qualquer coisa que me perguntarem! Ledo engano. Ele abre o inquérito com “qual a última senha de que você se lembra?”. Meu querido - tenho vontade de dizer -, se eu não sei a última, por que cargas d’água saberia a penúltima?! Digito qualquer coisa na tentativa de enganar o sistema. Aí vem a mais absurda dupla de perguntas imagináveis: “qual foi a última vez que você acessou esta conta?”, “quando você a criou?”. Pasmo. Que tipo de gente se lembra de algo assim?? Mas vamos lá, tenho uma vaga lembrança. Acessei pela última vez esta porra no começo do ano... Será que foi em fevereiro? Talvez já fosse março... Bom, com certeza foi antes de Junho! Vou pôr abril pra ficar no meio do caminho. Agora, a outra... Putz, quando eu criei a conta é sacanagem, hein?... Acho que foi em 2005, mas tem uma chance gigante de ter sido no ano seguinte ou no outro ainda. Não mais do que isso. Fica 2006 pela via das dúvidas. Envio as respostas. Como uma assombração, a página volta, acusando-me de desleixada: “você precisa especificar dia e mês”.

Ah, francamente!

Não parece óbvio que o tipo de pessoa que se esquece de senhas é naturalmente incapaz de se lembrar de informações tão inúteis, senhor site? Não sei qual foi a última vez que te acessei, fico feliz em não recordar o lamentável dia em que virei sua “sócia” e estou explodindo de satisfação por não lembrar a senha e nunca mais olhar pra sua cara!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Minidiário da Malhação - Parte 2


16-out-2012

Minidiário, maldito seja o instrutor que me alertou, ontem, de tomar analgésico para aliviar possíveis dores! Tomei. Acordei sem dor, mas psicologicamente abalada, achando que meu treino não serviu de nada e resolutamente decidida a não tomar mais porra nenhuma.

Hoje malhei os braços; aqueles pobres membros que mal aguentam o peso do secador de cabelos fizeram mil e uma acrobacias com halteres. Enquanto eu ralava com míseros dois quilos em cada mão, via senhoras levantando pesos exorbitantes e me sentia ridícula. Um amigo grandão, que, além de engenheiro e músico, é megaforte, disse que não devo me abalar, que no começo é assim mesmo. Ele levou oito anos para ficar como está, e eu tive a impressão de que não aguentaria nem mais oito segundos, mas consegui! Fiz todo o treino sem sair correndo de lá. Teorizo que este amigo deveria receber da academia para desfilar sua musculosidade e incentivar visualmente os despreparados que, como eu, desesperam diante da insignificância de seu conjunto muscular.

Quando já estava indo embora, minha treinadora me brindou com um desses exercícios aeróbicos de matar! De lá fui direto ao banco resolver pepinos. Não consegui cruzar as pernas quando sentei. Precisei pegar a direita com as duas mãos para passá-la sobre a esquerda. Patético.

Saldo do dia: pagamento de língua = aquisição de uma nova cartela de analgésicos.

17-out-2012

Sempre durmo de lado, mas hoje não consegui. Precisei ficar de barriga pra cima, mexendo o mínimo possível as pernas latejantes, e acordei mais de quatro vezes de madrugada quando, por força do hábito, virei-me inconscientemente. Dor... dor... dor!

Como hoje era dia de malhar membros inferiores, mandei a academia pra pqp e passei o dia me arrastando de um lado pro outro da casa, sem coragem de apresentar minha moda claudicante na rua. De noite, meu melhor amigo gay me convidou para vê-lo desempenhar a doméstica empreitada de lavar e passar roupa. Resolvi assisti-lo bebendo cerveja. Eureka!

Saldo do dia: “descobrimento” de que cerveja é o melhor relaxante muscular que há.

18-out-2012

Com pavor de malhar perna, fiz braço mais uma vez. Tudo correu incrivelmente bem até que, nos últimos dois minutos, fui cruelmente atacada pelo pedal da bicicleta, que se vingou do meu descoordenado pé, esmurrando minha pobre canela.

Saldo do dia: sai do exercício matinal com uma significativa lasca de pele a menos.

23-out-2012

Minidiário (devia trocar seu nome pra Mini-relatos-ocasionais, visto que você já não é mais diário), hoje a academia conheceu o poder destrutivo de minhas mãos: estraguei um aparelho, ao tentar ajudar a amiga-ex-bailarina a regulá-lo.

Saldo do dia: iniciação de novena ao Santo Halter para que minha próxima mensalidade não traga o valor do conserto do equipamento arruinado.

(Continua... Caso minhas atrapalhadas também continuem)


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Minidiário da Malhação

Nossa, que nome horroroso eu escolhi pra você, minidiário! Estou ciente de que pareço uma adolescente que assiste à série global infinita (a título de atestado de sanidade mental: meu interesse por Malhação acabou junto com a adolescência), mas fiquei com medo de que “Minidiário da Academia” criasse expectativas acadêmicas que – obviamente – eu não poderia suprir. Enfim, o nome é esse e que se dane!

Fiz balé onze anos e, depois disso, nunca mais durei em exercício algum. Já entrei duas vezes na musculação e fiz aero-jump, mas minha temporada mais longa durou só dois meses! Pra ser franca, nas aulas obrigatórias de educação física da escola, eu enrolava o máximo que podia para fazer o mínimo que podia. Assim que tive consciência de que possuía alguma autonomia sobre minhas vontades, passei a exigir atestado médico, atestando qualquer coisa que camuflasse minha real deficiência: corpo mole (não literalmente - na época, os 15 anos ajudavam). Mesmo o balé, que fiz por tanto tempo, era um mix de várias coisas que não incluíam amor genuíno. Pressão materna descarada e maria-vai-com-as-outrices de acompanhar a melhor amiga (que, infelizmente e por gosto, matriculava-se religiosamente todo ano na escola de dança) eram as maiores delas. Outra, um tanto mais pessoal, era baseada num sentimento verdadeiro: eu amava os dias de festival no Teatro Capitólio. Hoje vejo que era mais amor pelo palco, pelas luzes e pelas carinhas conhecidas que tinham perdido tempo e dinheiro só para ver-me dançar do que pela arte da dança em si. Mas não importa, aquele fim de semana de festival fazia todos os intermináveis pliès, degagès e pas de bourrèes valerem a pena.

Segunda, 15-out-2012

Apesar do passado que me condena, comecei hoje a malhar, minidiário. Estou empolgadíssima! Claro que não foi uma coisa espontânea, afinal, pra certos “tormentos” eu preciso de uma longa preparação psicológica, mas alguns fatores me incentivaram. Podia fazer uma lista grande, mas vou me resumir ao mais vexaminoso deles: após oito anos de sedentarismo, não aguento com o peso do meu secador de cabelos! Triste realidade. Deixei o corpo mole (agora em linguagem denotativa) de lado e resolvi enfrentar pesos e aparelhos; espelhos e biquínis; medidas e instrutores.

A coisa mais legal de hoje foi a coincidência: adivinhe na companhia de quem fui me matricular? Justamente daquela melhor amiga que tanto amava o balé e que agora também está (estava!) sedentária. E aí... Chegando lá... Quem malhou ao nosso lado? Nossa antiga professora de dança. Essas coisinhas, bobas pra maioria das pessoas, são, para mim, o tipo de simbolismo que faz da vida uma verdadeira delícia! Só mais uma: encontrei lá também um amigo querido da época do colegial que me intimou em um dos intervalos entre séries de 15: por que você não faz uma crônica sobre a academia? Desafio aceito!

Saldo do dia: pernas excessivamente trêmulas (durante os exercícios) + rápidos momentos de queda de pressão = sensação de que eu sou foda e de que, logo, comprarei um espelho maior.

(Continua...)

sábado, 13 de outubro de 2012

Tédio Mortal


Tédio... tééédio... t-é-d-i-o...
Tédio devia ser coisa proibida no horário em que - pra mim - o sábado está começando, ou seja, na madrugada de domingo. Estou tão afundada em tédio que, depois de ficar deitada por mais de 2 horas pensando em me levantar, resolvi escrever pra jogar sobre você meu desalento e ver se, milagrosamente, ele passa.

Socorri-me do Houaiss pra definir o meu estado tedioso: “1 – sensação de enfado produzida por algo lento, prolixo ou temporalmente prolongado demais. 2 – sensação de aborrecimento ou cansaço, causada por algo árido, obtuso ou estúpido. 3 – sensação de desgosto, ou vazio, sem causas claras.” Bingo!!! É isso! Sem tirar nem pôr. Meu sábado passa lento e prolixo; está árido e vazio, deixando-me estúpida e desgostosa.

Depois do almoço, percebi que não tinha nada pra fazer a não ser arrumar meu quarto, que passou por uma reforma e aparenta ter sido cenário da 3ª Guerra Mundial. Passei o “programão” pra frente. Então, fiz tudo o que sonho em fazer nos dias de semana em que estou super atarantada e sonhando com um tempo livre: fiquei deitada em berço esplêndido all day long, lendo e assistindo episódios e mais episódios de uns seriados em que estou viciada. Só levantei pra tomar banho e comer. Ironias da vida (ou seria expiação?), umas 10 da noite o prazer da preguiça se transformou num show de horrores: minha cama criou prego e percebi que não tinha nenhuma companhia pra me arrancar de casa. Já tem uns 5 meses que tô treinando pra ermitã, mas hoje o processo estourou. Fiquei esfuziada.

Tendo que ficar em casa, comecei a levantar minhas reais possibilidades:
- Ler uma revista? – NÃO, OBRIGADA!
- Criar vergonha na cara e organizar parte dos destroços do meu quarto? – NEM A PAU!
- Depilar a perna? – TALVEZ... AH, MELHOR NÃO....
- Ligar a TV e ver Zorra Total? – CLARO, CONTANTO QUE EU ESTEJA ACOMPANHADA DE VENENO DE RATO.
- Apelar pra distração virtual – NHÉ!, TUDO BEM, É O QUE TENHO PRA HOJE.

Então apelei pra distração virtual, mas ela foi tão limitada quanto minha criatividade “anti-tediana”. Li meus e-mails (só tinham dois pra responder), cacei amigos virtuais (mas parece que hoje todos estão tendo um sábado-como-se-deve-ter) e entediei de novo. Acabei aqui, escrevendo... Tinha esperanças de que o “esforço” me rendesse o sono da misericórdia, mas já estou no final, ainda mais entediada e nem de longe sonolenta. Como é bom ter insônia e prorrogar as horas arrastadas de um dia que já podia, há muito, ter terminado! Assim como minhas lamúrias.

HAHAHA! Surpresas da noite: quando estava quase clicando o botão para enviar a crônica, minha amiga “brasiaustraliana” me fez dar um pulo de susto aqui: o toquinho de chamada pelo vídeo me tirou do marasmo. Ela está num churrasquinho e exibiu a amiga tupi-guarani de pijama e descabelada pros amigos de Sydney. Mas valeu! Fiquei contagiada com a alegria alcoolizada deles. E também com inveja: lá o sábado já acabou!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Djóia


Soube agora da notícia: o Joia (leia-se Djóia) morreu. Vou homenageá-lo rememorando a seguinte história:

Uma vez, uns amigos que estavam no calçadão foram abordados pelo chavão do Joia: “Dá 10 centavo aí, Joia?”. Eles juntaram umas moedinhas lá e as deram, de bom coração, pro pedinte mais querido da cidade. Ele fez sua matemática, separou algumas pratinhas e as devolveu, dizendo “eu só pedi 10 centavo”!

Infelizmente, meu conhecimento “joístico” acaba por aqui. Conheci pouco do homem que todos conheciam. Mas sempre o vi na rua, já lhe dei “10 centavo”algumas vezes e sempre nutri por aquela figura um carinho especial. É uma coisa meio particular minha, mas sempre devotei grande respeito aos que encontram seu rumo no caminho “descaminhado”. 

Pra minha felicidade contemplativa, Cruzeiro é uma cidade lotada de tipinhos únicos. Me lembro de ter visto o melhor número de dança rolando solto num fim de sábado no calçadão da cidade. Eram quatro os mendigos dançarinos do asfalto. Cada um com seu passado, cada um com sua noia, cada um com sua graça; todos retribuindo as dificuldades que a vida lhes deu com o mais sincero dos balés. Dentre eles, o Joia, nosso Jimmy Hendrix valeparaibano, apresentava seus melhores passos e vibrava diante do olhar divertido de um público que reconhecia que ele brilhava mais do que os vários colares que viviam adornando seu pescoço.

Com o Joia, morre um ícone de Cruzeiro; com ele nasce – para mim – a sensação boa de crença renovada no ser humano. Escrevo verdadeiramente comovida por ter visto no Facebook tantas homenagens ao cara que com seus humildes “10 centavo” soube enriquecer a história de Cruzeiro. Obrigada a todos que hoje deixam o preconceito de lado para homenagear um homem que, ao seu modo, fez diferença.

domingo, 30 de setembro de 2012

Procura-se um consolo psicológico


Ontem eu fui a um chá de panela. Mais um chá de panela. Mais uma amiga passando pro lado de lá – o das casadas. Em setembro foi uma, agora em outubro será outra. Não vou filosofar sobre o casamento, calma, não precisa abandonar a crônica ainda. A amiga solteirona aqui não é amarga... É só que hoje acordei pensando em como o tempo voa e todo esse blablablá que os velhos repetem incessantemente, e que tenho começado a repetir de forma preocupante.

Ironias da vida, quando eu estava com 23, tentei me autoconsolar quando percebi que todos os meus amigos estavam se formando. Até a minha formatura do prezinho parecia ter sido ontem, como era possível que todos estivessem agora formados?! Poucos anos antes, eu olhava meus primos mais velhos fazendo faculdade e os via como verdadeiros adultos, e agora os meus contemporâneos já falavam da graduação como uma coisa antiga. Como era possível o tempo ter passado assim tão rápido?

Nunca tive medo de envelhecer, mas não queria ficar me chocando com a inexorabilidade do tempo toda hora, então arrumei um fútil consolo mental: “só vou me sentir realmente velha quando eles começarem a se casar”. Menos de uma semana depois, envelheci. Andando desprevenida na rua, encontrei um amigo do ginásio - um dos melhores -, e fui bombardeada com a singela notícia de que, do nada!, ele se casaria. Os pais da namorada estavam se mudando da cidade, ela não queria ir, e o casamento pareceu a solução mais lógica. Simples assim. Meu primeiro amigo se casou.

Depois disso não houve trégua, o massacre foi brutal. De lá pra cá, já vi casando uma infinidade de ex-colegas de turma e conhecidos. Só de grandes amigas (com “a” mesmo, os homens parecem mais temerosos quanto à forca) já foram nada mais nada menos que oito! Tem amiga que até se casou duas vezes, curiosamente com o mesmo cara! Convites, presentes, despedidas de solteiro, cerimônias religiosas, festas, ressacas homéricas, bem-casados... Estou perdendo a conta de quantos vestidos longos já tenho estocados no meu guarda-roupa.

Depois que os casórios começaram a aparecer, andando quase que em fila indiana, pensei em arrumar um outro consolo psicológico. Tentei este: “só vou me sentir realmente velha se eles, por algum infortúnio, começarem a se divorciar”, mas a sensação de que me manteria despreocupada por muito tempo foi bem passageira; o primeiro a se casar, separou-se em tempo recorde. “Só vou me sentir realmente velha quando eles começarem a procriar” foi uma ideia natimorta, lembrei-me de que uma amiga apressada já tinha tido filho antes de subir ao altar. Desde então, estou à caça de uma desculpa esfarrapada para dar a mim mesma...  Mas qual? Qual?? Ontem, entre um shot de Pisco e outro, formulei a seguinte: “só vou me sentir REALMENTE velha quando começarem a nascer cabelos brancos”. Te parece um bom consolo psicológico? Pelo meu histórico familiar, posso garantir que sim; é possível que leve uns bons anos ainda, mas, conhecendo minha antiga rixa com Murphy (que parece ter criado aquela lei só pra me aporrinhar!), pode ser também que, de sacanagem, o universo conspire contra mim e me dê uns três fios branquelos nesta madrugada... Medo!

Quer saber? Não sei mais o que inventar, qualquer coisa que me console agora vai ficar obsoleta depois. Quer saber de novo? Esta crônica envelheceu... Cansei dela, vou publicá-la e esquecê-la. Você que se sinta velho se se identificar comigo! Vai entender que uma boa dose de alienação é frivolamente necessária.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Crônica Interrompida...


Estava sentada num quiosque de praia quando a sacada veio. [... ela simplesmente inventava um jeito de sair, picava a mula.] Arrumei uma caneta emprestada e comecei a acumular tinta esferográfica sobre guardanapinhos vagabundos. [Eu vou ao banheiro, tá?] Percebi, então, algo incrível, que só acontece quando a inspiração vem em hora despropositada, e você, por falta de opção, precisa escrever na frente de outras pessoas: a concentração necessária é inversamente proporcional à que seus companheiros te deixam ter. [Ah, que vidinha mais ou menos!] Foi então que abandonei aquela estória no segundo parágrafo para focar nesta que pediu passagem: a crônica interrompida.

Tudo o que você ler aqui é veridiquíssimo e... [Achei as pombinhas, ficam lá em cima da casa!]... escrito em brainstorming,... [Olha a marca que fica da aliança, não adianta tirar pra disfarçar]... interrompido... [Ah, pega o celular pra mim?]... pelas frases originais que rolam numa mesa de praia. [Não consigo entender pra que você escreve tanto!] Viu só??? I-m-p-o-s-s-í-v-e-l concluir um raciocínio! Até sinto por ter perdido o fio da meada do outro texto, mas... [Ninguém me liga...!]... mas... [Você trouxe pinça?]...  mas... [... vou construir uma casa lá em cima daquela pedra pra mim, e farei um relatório anual de tudo o que acontecer aqui na praia]... MAS estou feliz pela ideia nova que ganhei! [O, Lívia, quanto você cobra pra escrever um livro pra mim?]

Estou com o siricotico de testá-los. [Vou ali ao “mijadouro”] Será que os assuntos mudariam se eu revelasse que eles são o corpus da minha crônica?! [Ele dirige meio roboticamente] Revelo ou não revelo? [A Lívia tem carteira de motorista há 6 anos e não dirige... não dá!] Pronto, achei tema pra mais uma: minha experiência ao volante (ou a falta dela).

[- Quer olhar uma rede baratinha?
– Olhar eu até posso, mas comprar não vou não!
– É bonita, ó!, toda furadinha...
– bom pra soltar pum!]
E eis que finalmente chega um vendedor!!! Faltava o símbolo do comércio ambulante para abrilhantar esta crônica! Aliás, quanto me pagariam por uma se eu saísse de guarda-sol em guarda-sol, entoando “olha a crôôônica, olha a crônica fresquiiinha!”? [Se você soltar essa firula, a calcinha do biquíni desmonta?] Chuto que porra nenhuma, melhor eu apelar pra “uma esmolinha pelo amor de Deus” mesmo se quiser viver de escrita.

[“Solamente una vez...”] Bem, meus companheiros de sol e areia partiram pra cantoria. É uma boa hora para revelar a temática cronical e ver a reação deles. [Olha lá! Tem gente se enfiando no meio do mar, o salva-vidas tá gritando de novo].  Vou contar que...
[- Você não disse que ia ao banheiro?
– Já vou.]
Plano abortado! 

[Ai ai] Atenção, passageiros, entramos num período de não-turbulência de comunicação. Coisa irônica: o que seria ótimo para a estória abandonada, é péssimo pra esta!

(...) (...) (...) Mais de um minuto de silêncio (...) (...) (...). Estamos diante de um texto moribundo.

[- Vamos dar uma volta? Quero ir ali naquelas barracas. Lívia, você fica vigiando as coisas?
– Fico.
– Então nós vamos. Se você sentir saudades, dá um grito...]

(...) (...) (...)(...) (...) (...)(...) (...) (...)  Silêncio absoluto.

Causa mortis da crônica: parada “comunicatória”. Guardo a caneta e os sete pedacinhos de guardanapo escritos.


Cinco minutos depois: [Você está registrando pensamentos?]. É o dono do quiosque.
[- Sim, tô escrevendo uma crônica.
- Que bom, às vezes é dessas observações que nasce um bom livro.]
Digo apenas um bem-humorado “obrigada!”, mas minha vontade é pular da mesa e abraçá-lo em agradecimento. Ufa, interrompida, você está salva! Cato a cansada caneta e mais uma folhinha pra escrever estas seis linhas de ressurreição.






quinta-feira, 30 de agosto de 2012

God Rocks!


Vituperei minhas 20 primeiras tentativas de produzir algo bloguístico, mas hoje escarafunchei a rascunhada toda e vi algo que me pareceu digno de um espacinho aqui. Foi escrito há meio ano, na Suíça, lugar em que, além de cultura e beleza em excesso, encontrei muitas coisas notáveis. Dentre elas, com certeza, o encontro com Ele foi o mais bizarro. Segue um pedacinho de como nos trombamos:

““Acordar com a macaca” é indicio de muitas coisas, menos de um bom começo, certo? Talvez... hoje acordei com a macaca na minha segunda semana em Zurique. Então decidi fazer uma caminhada pelos parques que contornam o lago da cidade e condenei a macaca a uma morte lenta e dolorosa. A alegria foi me contagiando de uma forma meio tragicômica. Comecei embalada pela manhã de sol em dia de inverno. Fui ficando menos triste vendo os pássaros que, em revoada, desciam ao lago para provocar patos e cisnes – também eles acordaram com a primata ao lado. Senti que minha porção doida (a mais sincera) estava sendo atiçada quando comecei a sorrir pelas ruas. Abracei uma árvore como se não houvesse amanhã e entendi que era grave o meu estado de insanidade; mas já não ligava mais. Que bom, porque, pouco depois, fiquei louca varrida e cometi um ato inédito em toda a minha vida: fui a uma igreja r-e-z-a-r.

Nunca gostei de ficar em igrejas; a austeridade me passava uma coisa ruim. Pra ser franca, não sou o que se pode chamar de uma pessoa religiosa. Mas aconteceu. Senti uma vontade absurda de voltar a uma catedral muito bonita que, com espírito turístico, havia conhecido antes.

Rezei do meu jeito: ouvindo rock! Sentada na Fraumünster, passei 20 minutos admirando os vitrais de Marc Chagall e concluí que Deus pra mim é ARTE! Meu mp4 estava baixíssimo, mas ali no silêncio daquela salinha foi quando ouvi mais alto Octavarium, uma das minhas músicas preferidas.”

Eu sei que não dá pra ligar coisa com coisa até agora, mas calma! Espero que não esteja com a macaca, porque já é logo aqui que entra o início do blog! Voltando...

“É inacreditável, mas foi numa igreja que decidi vir pra casa e escrever o meu bloguinho, um capricho que julgo ser culpa da minha adolescência tardia. Blog, aqui estou: hoje você nasce! Não posso contrariar vontades que vêm ao som de Dream Theater, ideias que nascem inspiradas por Chagall e que – por que não?! – têm um dedinho Dele. Foi incrível, God rocks!”

Bem, naquele dia aprendi que “acordar com a macaca" pode ser lucrativo, voltei pra casa inspirada, criei o Caso Crônico e escrevi umas linhas que pediam por complemento e, logo, foram abandonadas. Meio ano depois, estou aqui tentando dar um sentido a tudo aquilo e entendendo, na prática, como “falar é fácil, fazer é que são elas” (ou seja lá como for esse ditado popular!). Estou vendo, também, que revisitar o passado é um interessante emaranhado de sensações. Termino agora longe do parque, com saudade do sol em dia frio. Penso na Fraumünster e coloco a Octavarium pra tocar.  Fecho os olhos e revejo os vitrais de Chagall. 

domingo, 19 de agosto de 2012

A Crônica da Crônica (e não "A Crônica das Crônicas")


Cansei de esperar!

Não vou mais aguardar a ideia brilhante (que não vem), o tempo ideal (que nunca chega), menos ainda a tal da inspiração (que, até o momento, é lenda pra mim). Se Cartier-Bresson tivesse sido um cronista sem talento, não defenderia o momento decisivo!

Não me julgue como precipitada ou impaciente. Eu tentei! Já rascunhei umas vinte crônicas pra ocupar o lugar desta. Até simpatizei com algumas, mas nenhuma tem cara de “a primeira”. Nada do que escrevi pareceu adequado para abrir este blog, que existe vazio há mais de 5 meses. Esperei passivamente na minha zona de conforto que a sacada viesse. Não veio. Sinto muito. Peço desculpa aos que leem com alguma expectativa, brilho de cronista vocês não verão nestas linhas.

Hoje acordei com ressaca do churrasco de ontem, não vi nada de exótico e não tenho uma estória que mereça registro. Estou entediada, tendo um típico dia do domingo. Não sei por que cargas d’água resolvi sair da tal zona de conforto, viu! Devo confessar que já estou arrependida, mas agora vou até o final. E “vocês vão ter que me engolir”! (Referência popular escolhida a dedo com o propósito descarado de apelar). Pensei, a princípio, em parodiar Bandeira e escrever sobre como quereria que fosse minha primeira crônica, mas não sustentei a causa. Agora só me resta falar sobre sexo para salvar isto aqui.

Há uma pesquisa respeitadíssima que diz que 70% de toda a comunicação verbal humana está fundada no sexo. Sabia?

Não espalhe, inventei isso. Sinto muito novamente, o caso é que não sei como fazer a primeira crônica. Devo estar sendo castigada pelo desejo estapafúrdio de querer compartilhar com pobres (leitores) coitados parte da minha confusão mental constante. Acho que, pelo menos, consegui dar sentido – juro que de forma totalmente não-planejada! – ao título deste blog.

A você que aguentou ler até o final: eis o meu caso crônico!