Uns amam, outros detestam, eu simplesmente
acho que é bizarro o dia do nosso aniversário. Fico encafifada quando, por
exemplo, em maio, pego um produto na prateleira do supermercado e vejo que ele vai
vencer no dia 10 de julho; como pode o universo funcionar normalmente num dia
em que – todo ano – o meu mundo para?!
Gosto do fato de o meu aniversário
ser exatamente no meio do ano, mas não foi sempre assim... Na infância, minhas
festinhas ficavam meio vazias porque meus amigos iam viajar de férias e, também
por causa das férias, na adolescência, acabei nunca levando uma ovada, apesar
de, na época, morrer de vontade de saber qual a sensação de me besuntar com ovos
fedorentos (segredo nosso, a curiosidade não sobreviveu a muitas primaveras). Hoje
sei que a grande vantagem do meu dia é que ele está radicalmente separado do fim
do ano. Como também entro em parafuso no réveillon
(outra data enigmática, mas universalmente enigmática e por isso menos enigmática
pra mim), meus dois dias fatídicos ficam completamente separados no calendário
e, entre uma crise de que-porra-tenho-feito-da-minha-vida-? e outra, tenho um
descanso de meio ano.
Insisto: é bizarro fazer aniversário.
Até quem não gosta do seu acaba vendo-o revestido de insuportável grandiosidade,
pois além de não conseguir passar por ele de forma mentalmente despercebida
(não há remédio que faça nosso cérebro entender que nem sempre gostamos da porcaria do
dia e que, de presente, seria providencial poder optar por deixá-lo passar sem que nos déssemos
conta!), é relembrado da sua existência a cada despretensiosa menção à data e/ou a
cada ligação recebida. Aliás, mora aí outra grande bizarrice: por que recebemos
parabéns?! Não fizemos n-a-d-a de útil, apenas não morremos, continuamos firmes
e fortes no propósito de envelhecer um pouco mais. Mesmo que nesta última idade
muitas coisas boas tenham acontecido, a infeliz data do aniversário nada tem a
ver com isso! É só uma data. Deveria ser só uma data. Mas nunca é. O
aniversário carrega esmagadores simbolismos.
Comecei a escrever esta crônica porque
faz parte do meu simbolismo aniversariante deixar algum relato escrito. Acontece
que tive um ano bom e histórias muito alegres não dão boas crônicas, ficam órfãs
do elemento estranho que dá luz a um relato. Fato é que estou apegada aos 28,
pensei até em mantê-los por mais dois anos, sabe? Queria ter 28 por mais tempo,
só que ainda não me sinto velha o suficiente pra começar a esconder a idade, então
decidi registrá-los aqui como uma homenagem e aproveitar a oportunidade para
fazer um ameaça:
Sabe o que mais odiarei neste
aniversário? O momento (sempre há este momento) em que algum filho da mãe se
aproximar de mim e, com os 32 dentes escancarados, falar que agora estou perto
dos 30 anos de existência, sendo que ainda mal terei inaugurado os 29! Quanta falta
de sensibilidade espicaçar o já sofrido espírito envelhecido do aniversariante.
Pegarei os 9 meses de gestação e acrescentá-los-ei ao #u do fulaninho desalmado,
dizendo: não ria você da desgraça alheia, pois ninguém envelhece sozinho.
FELIZ ANIVERSÁRIO amiga mas meus pêsames pelos 30... huhouhou
ResponderExcluiralto lá: QUASE 30! rs não apressa o tempo!!!
ExcluirParabéns Livinha pelo seu aniversário. Esta data representa o início de mais um ciclo de vida, mais um período de experiências positivas que será somada à sua história, até aqui construída.
ResponderExcluirDe todo coração, desejo-lhe todo o bem possível de existir e que você continue sendo esta pessoa incrível que tem encantado a tantos amigos. Parabéns pelo seu desaniversário também... Tim-Tim!
obrigada, Neo... pelo dia 10 e por todos os outros, os meus desaniversários! rs
ExcluirLívia, muitas felicidades e tudo de bom pra vc, PARABÉNS!!!
ResponderExcluirÉ verdade, sempre tem alguém deixando a gente mais velho. Considerando um raciocínio lógico, aquele número que sobra por último depois da vírgula, se for maior que cinco, arredondamos pra cima. Imagina o seu que já esta no nove... Assim fica mais simples de enxergar e reconhecer que sempre envelhecemos. Claro, a menos que vc tenha nascido com a Síndrome de "Benjamin Button". Fica tranquila que ainda faltam doze meses pra vc chegar aos trinta e vê se para de sofre de complexo de "Testemunho de Jeová".
Bom, é tudo brincadeira e gosto demais dos seus texto. Vou ficando por aqui antes que eu escreva mais coisas malucas...
Que Deus te abençoe, Bjosss..., T+.
prefiro envelhecer junto com todo mundo mesmo! nada de ir no sentido contrário, deve ser infinitamente mais angustiante. envelhecer tá valendo! a gte aprende e acaba valorizando também isso... só não gosto de ter um dia específico pra lembrar disso, mas depois que ele passa volto a achá-lo o dia mais bonito do ano!
Excluircontinue escrevendo coisas malucas, são ótimas!
Liv, desculpa, acho que quando te liguei eu falei: "Ahh agora tá pertinho dos 30...rsrs"
ResponderExcluirE eu levei ovada na cabeça, na época da escola, não é nada legal não, viu? hahaha....ainda bem que sua curiosidade passou ;)
Como sempre, seus textos são ótimos.
Beijos!!!
Minha querida filha!
ResponderExcluirA data do seu aniversário também marcou definitivamente a minha existência. Foi nesse dia que vivenciei, pela primeira vez, a mais bela e indecifrável sensação, que é ser mãe. Desde então, o agradecimento eterno a Deus por sua existência, acompanhado de muita responsabilidade pelo meu exemplo em sua vida e a eterna dúvida quanto ao peso dos acertos e dos erros na sua criação me acompanham diariamente. Admiro suas qualidades, me orgulho de sua beleza e bom coração. Desejo-lhe muita felicidade, alegria, sucesso, saúde e amor.
Beijos.